segunda-feira, 9 de setembro de 2013

o Vìdeo vai Depois mas Vai Acabar Aparecendo Antes


por Glauber Kist 

- cópia reconstituída de vídeo 'catado' da internet 
em busca aleatória mas não tanto assim -


Entrevistador pergunta:
Tá nervoso?

Entrevistado responde:
Sei lá, (rs)
Não sei, o que que é começar...
É tipo um, um ÃÃãhn... fhuw... sei lá, alguma coisa assim.
Tipo quando, tu vai mergulhar... e tu fica naquelas, é "agora"... e... E esse vai-não-vai antes de começar que não sei.... alguma coisa assim. Ãhm, sei lá na verdade acho que é fácil, tipo, é que nem...
Que nem fazer xixi: é simples e é bom. Mas tu for fazer isso com um monte de gente te olhando ou de frente pra câmera já complica um pouco...
Bom mas sei lá, de alguma maneira começou sei lá...

Entrevistador pergunta:
E é difícil falar pra câmera?

Entrevistado responde:
É que nem mijar em público (rs), não é fácil.

____________________

Entrevistado 2 responde:
Ãh, então, nunca é simples começar. Será que existe um gesto certo para a hora certa ou? Em fim, um milhão de perguntas aparecem na nossa cabeça e a gente fica meio que imobilizado. Mas, em fim, né? Começar ou não começar? Eis a questão. Neste impasse, acho que algo já começou. Que comece!
.
.
.
X*
:)
:D
Oooii???
:D
:/

Entrevistador pergunta:
E é difícil falar pra câmera?

Entrevistado 2 responde:
As vezes... se tem um monte de gente te olhando, as vezes é... Mas em fim, é o nosso trabalho né? (rs)

Entrevistador diz:
Então começa!

Entrevistado 2 responde:
Começar o que? a falar?

____________________


Entrevistador diz:
Não tem problema (inaudível)...
Vamos falar sobre começar? Não precisa ficar presa no texto. A ideia é da dificuldade de começar. Pode partir do texto e ir ao que tu lembrar.

Entrevistada 3 responde:
Só um pouquinho peraí...
Uhmm..
Não, calma assim.
Peraí...
Calma, só um pouquinho...
Não! Não! Ainda não é isso peraí...
.
.
.
TÁ PORRA É DIFÍCIL COMERÇAR!!!!
E eu sei que é difícil todo mundo que ta olhando aí então não adianta dar risada..

Mas ahm, é complicado falar de 'começar alguma coisa". Mas parece que tem... tem uma coisa assim... aqui dentro da gente que... sempre sabe exatamente quando começa. E quando termina também
:(
Uma coisinha assim.

Entrevistador pergunta:
E quando a gente não sabe?

Entrevistada 3 responde:
Quando a gente não sabe? Talvez até tenha começado. Acho que daí pode ser que já seja melhor, a gente fica sem compromisso de ter que começar alguma coisa, quando a gente viu já começou "PRONTO OI OI GENTE TÔ AQUI POIS É"



sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O homem da Cidade



  • Por Tatiane dos Passos

     O homem da cidade andava e caminhava... caminhava e andava, (não se sabe bem ao certo). Seguia pelos vastos descaminhos de terrenos baldios, descampados, casas abandonadas... Mas, do nada ele sumiu. Desapareceu em meio à cidade que aparecia, configurando-se com seus enormes prédios placas, cartazes. Em meio a uma imensidão de informações que não lhe diziam nada. Ninguém mais o vê. Não se sabe por onde anda pois já não mais existem terrenos baldios, nem casas desocupadas, descampados...tudo tem que estar no seu devido lugar, ser utilizado, consumido, ser útil mesmo que inútil deixando nossos olhos e ouvidos inutilizados. Talvez o Homem da Cidade tenha desistido dos Terrenos e esteja em busca dos Galácticos... Ele só procura ser feliz...

domingo, 1 de setembro de 2013

Para Refazer Nosso Brilhante Dia-a-Dia com Glamour

 Por Joel Guilherme


1. Base mais escura que o tom original da pele

2. Corretivo muito claro nas olheiras

3. Blush marcado tipo palhaço

4. Iluminador em excesso

5. Rosto carregado de pó

6. Sombra mal esfumada

7. Lápis de contorno mais escuro que o batom

8. Boca melecada de gloss

9. Muito iluminador abaixo da sobrancelha

10. Batom mate com lábios ressecados

MY DOG BARKS

por Julianne Soares



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Ressonâncias do ontem que ainda não aconteceu

por Alessandro Rivellino e Samira Abdalah


Criaturas estranhas. No names. Sem identidade. Não história.
Apenas potência para sensações.
Corpos acoplando-se.
Sem copulação de corpos acoplados sobrepostos uns aos outros.
No way to know who they are.
Eles não são.
Negação da negação.
Figuras bizarras plus rostos aterrorizantes plus scary faces.
Por detrás de tudo, o magnífico fazer da arte.
Artistas?
Nops. Nada disto.
Criaturas. Corpos moventes.
Não há necessidade de saberem o porque de fazerem o que fazem.
Movem-se a partir daquilo que os motiva a mover.
Imagens surrealistas.
Não-narrativas.
Ampliação de percepção.
A pele que sente e move.
Escamosa, manchada, derretida.
"o cheiro da carne é doce".

sábado, 3 de agosto de 2013

Talking Heads

por Zé Joker


começo procurando as coisas que não me levarão a algum lugar, quero dizer, não importa o que eles dizem,
dar um salto pra fora da roda-gigante-maquinário-de-que-isso-me-serve?
tudo aquilo que me leva pra não sei onde e que me incita o desejo de ficar, de estar, de fazer exatamente aquilo que estiver fazendo espelho onda quebrar e falta de córnea
então eu me peguei, digo me peguei porque havia mesmo uma imagem de mim mesmo fora de mim mesmo olhando pra mim, e daí do suco esquizofreio, pera aí, reconheci um jeito de espalitar os dentes, mesmo mesmo mesmo mesmo mesmo naquela hora, escorado na porta da sacada, olhando nuvens gasificarem rosa e eu inventando títulos pra cenas que existem mas não foram feitas ainda, da única maneira de agarrar o céu,  exatamente como meu pai palitava os dentes, eu quebrando barreiras e padrões, fazendo diferente do velho
e pá, aquilo que meus neuronio-espelho aprendero sem minha
cabeça macaca quadrada
então eu pensei que precisava escrever e eu pensei que escrever poderia ser usado mesmo como escrita pra alguém ler e então eu desisti, e comecei.
Dos sentimentos proveninentes da beleza efemera
silhueta
start making noise
stop making sense

terça-feira, 30 de julho de 2013

Quatorze Dores de Alma

por Marina Mentz

Coloquei doze corações no prato e fui comendo um a um, sem mesmo cortá-los. Mastigava-os com voracidade - um dois - e deleite, transformando em algo manifesto - seis sete - meu paradoxo.

Quando, em súbita decisão pensei: “Perdeu A Graça”, todas as luzes – três - e utensílios dependentes de energia elétrica – cinco - apagaram. Dentro de minha boca o coração começou a bater. Nove memórias assaltaram minha mente, que, confusa, buscava decidir se eram todas as coisas que haviam perdido a graça ou se apenas eu é que tinha mesmo me perdido. 

Foram dois minutos de trâmite.

A mente decidiu, a luz voltou, o coração morreu.